Fama não é garantia de sorte no amor. O mesmo se aplica a genialidade. Ser um gênio ou um grande ícone da cultura, não garante felicidade na vida sentimental e sexual. A maior parte dos escritores, compositores, atores e artistas plásticos que conhecemos tiveram uma vida íntima conturbada, cheia de altos e baixos, além de algumas tantas ilusões. Nas próximas linhas, saberemos um pouco da intimidade de Balzac, Flaubert e Dante, entre outros escritores conhecidos.

 

Honoré de Balzac (foto), autor de A Comédia Humana, foi sustentado durante anos por uma amante chamada Madame de Berny. Mais tarde, acabou se apaixonando por uma admiradora, uma condessa polonesa cujo nome era Evelina. Ele a pediu insistentemente em casamento, mesmo sabendo que ela era uma mulher casada. O incansável pedido demorou 18 anos para ser aceito, mas aí já era tarde tarde demais, porque ele faleceu apenas seis meses depois de trocar alianças.

 

Gustave Flaubert nunca subiu ao altar. O autor de Madame Bovary jamais se casou. A primeira paixão de Flaubert aconteceu quando ele tinha 15 anos. O alvo foi uma mulher casada e 11 anos mais velha que ele. Em um reencontro, depois de anos sem se verem, Flaubert declarou o que sentia e como resposta ouviu que ela não estava preparada para ele. Mais tarde, os sintomas da epilepsia o obrigaram a viver exclusivamente da literatura. Quando viajava a Paris, ele sempre dava um jeito de encontrar sua amante, Louise Colet, outra mulher casada. Assim que seu marido morreu, a apaixonada Louise tentou juntar-se definitivamente com o escritor, mas foi rejeitada e os dois nunca mais voltaram a se ver.

 

No caso de Dante Alighieri, ele jamais pôde se juntar à mulher que amou. A heroína (e grande paixão) de Dante, autor de A Divina Comédia, respondia pelo nome de Beatriz. Dante e Beatriz se encontraram pela primeira vez quando ambos ainda eram crianças. Já adulta, Beatriz se casou com Simone di Bardi, com quem ficou até sua morte, ainda jovem, aos 24 anos de idade. Ao saber da morte da mulher que tanto desejou, Dante ficou arrasado. A paixão por Beatriz era tamanha que, mesmo casado com outra mulher, ele nunca a esqueceu.

 

Camilo Castelo Branco, autor de Amor de Perdição, foi preso sob a acusação de adultério. O escritor português foi para a prisão por causa de seu envolvimento com Ana Plácido, uma mulher casada. Quando foi libertado, Camilo vai viver com Ana, com quem tem três filhos, um deles de origem incerta, talvez fruto da relação com o ex-marido. A cegueira progressiva e os problemas com os filhos levam Camilo ao desespero e ao suicídio com um tiro na cabeça.

 

Quem também teve um fim trágico foi o brasileiro Euclides da Cunha. O autor do clássico Os Sertões foi assassinado num acerto de contas com Dilermando de Assis, amante da sua esposa. Mais tarde, ao tentar vingar a morte do pai, Quindinho, filho de Euclides é morto com três tiros pelo mesmo assassino do pai. Preso e julgado, Dilermando foi absolvido. Viveu 15 anos com Ana, ex-esposa de Euclides, até abandoná-la quando ela tinha 50 anos de idade. Na época, Dilermando tinha apenas 36 anos.

 

Percy Shelley não ficou famoso apenas por sua obra literária, mas por ter sido companheiro de Mary Shelley, criadora do polêmico e assustador mito Frankstein. Antes de conhecer Mary, Percy tinha fugido para a Escócia com uma garota de 16 anos chamada Harriet Westbrook. Depois, seu interesse se concentrou numa francesa de nome Conelia Boinville. Foi somente quando seu casamento acabou que Percy conheceu Mary , com quem fugiu, levando consigo a meia-irmã dela: Claire Clairmont. O que ele não esperava era que tanto Claire, quanto Fanny Imlay, que também era meia-irmã de Mary também fossem se apaixonar por ele. Como se não bastasse, Harriet sonhava em se reconciliar com Percy. Sentindo-se desprezadas, Fanny e Harriet tomaram uma atitude radical e se suicidaram. A relação com Mary Shelley só desmoranaria de uma vez por todas quando ele se envolveu com outras duas mulheres, Emilia Viviani e Jane Williams, sua companheira na época da morte trágica de Percy por afogamento.

 

George Sand foi amiga, companheira, esposa e musa inspiradora de vários nomes consagrados da cultura de sua época, entre eles Chopin, Liszt e Alfred de Musset. Primeiramente, Sand deixou o marido no interior da França para ganhar a vida em Paris. Não demorou muito e a jovem escritora iniciou uma fogosa relação com Alfred de Musset, que, mais tarde, seria substituído por um médico italiano chamado Pietro Pagello. Mais algum tempo e ela voltaria para Musset e depois, viveria com Chopin. Foi com o compositor nascido na Polônia que George Sand – autora de Indiana – viveu uma das mais duradouras e intensas relações amorosas.

 

Oswald de Andrade não entrou para a história da cultura brasileira apenas como poeta e dramaturgo, mas pelos romances com a pintora Tarsila do Amaral e com a revolucionária Patrícia Galvão, conhecida como Pagú. Tarsila, que tinha se juntado aos artistas modernistas, anulou seu casamento para se juntar a Oswald. Entre os padrinhos estavam o presidente Washington Luís e o governador de São Paulo Júlio Prestes. A tela Abaporu, talvez a mais conhecida obra de Tarsila, foi dada de presente de aniversário a Oswald. O relacionamento, no entanto, não duraria muito tempo. Separado de Tarsila, com quem viajou inúmeras vezes para a Europa, Oswald se apaixona por Patrícia Galvão, que, aliás, era ex-esposa de um primo de Tarsila. A relação naufraga. Quando contava mais de 50 anos, enfim Oswald se juntaria a Maria Antonieta D´Alkmin, com quem permaneceria até o final da vida. Ela seria a última, mas não a única. Ao longo da vida, Oswald teve sete mulheres.

 

Dizer que a relação dos poetas Arthur Rimbaud e Paul Verlaine foi conturbada é pouco. Verlaine chegou a abandonar o emprego e até a família para viver com Rimbaud, que era dez anos mais jovem. Juntos, os poetas viajaram pela França e parte da Europa. E foi em Bruxelas, na Bélgica, que após uma discussão, Verlaine sacou uma arma e atirou no parceiro. Dalí, Rimbaud foi para o hospital e Verlaine para a cadeia. O incidente marcou para sempre a vida de ambos. Ao sair da prisão, Verlaine tentou sem sucesso voltar para a ex-esposa. Rejeitado, o poeta – que tinha problemas com o álcool – passou a beber com mais frequência , terminando seus dias na indigência. Recuperado dos ferimentos e longe do antigo companheiro, Rimbaud passou a viver como comerciante de escravos e traficante de armas.

 

O poeta John Milton casou-se três vezes: a primeira com Mary Powell, uma moça 17 anos mais jovem que ele; a segunda, com Katherine Woodcock e a terceiro, com Elisabeth Minshull. As duas primeiras esposas morrem de parto, ficando com Milton a árdua tarefa de criar os filhos. A terceira, que se juntou a ele quando o poeta já sofria com a cegueira, foi acusada de maltratar seus filhos. Ao ficar viúva do poeta, ela tomou para si toda a herança e se apoderou dos direitos autorais da obra de Milton.

 

Autor de clássicos como Oliver Twist, Charles Dickens contou quatro grandes amores ao longo da vida. A primeira chamava-se Maria Beadnell; a segunda, Mary Hogarth e a terceira, Ellen Ternan. Dickens não chegou a se casar com nenhuma delas, mas as usou como modelos de personagens de seus livros. Sua esposa era Catherine Hogarth, irmã de Mary. Arrasado com a morte de Mary, o escritor logo a substituiu por uma terceira irmã Hogarth, chamada Georgina. Quando Charles e Catherine se separaram, Georgine continuou vivendo com ele, embora a essa altura ele estivesse apaixonado por outra mulher: Elle Ternan.

 

Ao longo da vida, o escritor norte-americano Ernest Hemingway – autor do inspirador O Velho e o Mar – teve quatro esposas. Ele mesmo confessou certa vez a um amigo que, “louco por mulheres“, sempre tem que se casar com uma delas. Poderia ter se casado com cinco mulheres se a amiga escritora Gertrude Stein tivesse se interessado por ele – provavelmente por causa de Alice B. Toklas, com quem Gertrude mantinha uma forte relação homoerótica.

 

Considerado um verdadeiro Don Juan, o poeta Dante Gabriel Rossetti teve várias amantes: Jane Morris, Fanny Cornforth, Lizzie Sidal e Jane Burden. Embora fosse perdidamente apaixonado pela última, Rossetti acabou se casando mesmo foi com Lizzie. O casamento, no entanto, não duraria muito: Lizzie faleceu poucas semanas depois de trocar alianças com o poeta. Arrependido e deprimido, Dante deixou que alguns poemas fossem para o túmulo junto com o corpo da esposa. Anos depois, em arrependimento, ele pediu que o caixão fosse reaberto apenas para que pudesse recuperar os manuscritos.

 

Reza a lenda que, quando Victor Hugo morreu, todas as prostitutas, em luto, ofereceram seus serviços de graça aos cidadãos de Paris. O escritor, poeta e dramaturgo francês colecionou várias amantes ao longo da vida. Nenhuma, porém, foi como Juliette Drouet, que o acompanhou em quase 20 anos de exílio. Outra grande amante respondia pelo nome de Leónie Briard, que foi presa ao ser flagrada na intimidade com Hugo.

 

Lord Byron foi amigo do casal Percy e Mary Shelley. Ele teve um rápido affair com Claire Clairmonte, que era meia-irmã de Mary. Antes, George Gordon, ou melhor, Lord Byron tinha se envolvido com várias mulheres: Annabela Milbanke, Caroline Lamb, Augusta Leigh. A primeira foi esposa e as outras, amantes. A relação com Claire só aconteceria depois que seu casamento com Annabela foi para o espaço. Mais tarde, ele teria duas amantes italianas. Segundo muitos biógrafos, Byron não se contentava apenas com as mulheres. O famoso amante e poeta (e inspirador de muitas gerações) também tinha uma forte queda por homens.

 

O talentoso Molière, mito do teatro francês, vivia se apaixonando pelas atrizes de sua companhia. A primeira delas chamava-se Madeleine Bejárt, na época em que ele fundou sua segunda companhia de teatro. Em seguida, veio a paixão não correspondida por outra atriz: Madame du Parc – que levou ao rompimento com Madeleine. Depois, foi a vez de uma mulher conhecida como Madame de Brie, mas ele acabaria se casando mesmo foi com uma atriz da companhia 20 anos mais jovem, chamada Armande Bejárt que, por ironia do destino, era irmã de Madeleine.

 

T.S. Eliot, aproveitou uma viagem aos Estados Unidos para fazer uma das coisas que mais desejava: afastar-se de uma vez por todas de Vivien, sua esposa. Só que, por mais que tentasse, não foi fácil se livrar dela. Ansiosa por uma reconciliação, Vivien não parava de perseguí-lo. Eliot só livrou definitivamente da mulher quando a família dela a mandou para um sanatório. Passado algum tempo, ele se casou novamente sem avisar ou pedir permissão para ninguém. O casamento foi uma surpresa até para John Hayward, com que Eliot manteve uma relação homossexual durante anos.

 

Deprimida por causa da morte da mãe e da crise no casamento, Agatha Christie, ficou literalmente desaparecida! Agatha acabou sendo encontrada por um conhecido e voltando para casa e para o marido, com quem tentou uma reaproximação. Antes do sumiço, ela havia descoberto que o coronel Archibald Christie, seu marido, estava apaixonado por uma amiga. Talvez por isso, a crise no casamento nunca foi superada. Não tardou muito e Agatha e Archie se separaram. Algum tempo depois, a escritora se casaria com o arqueólogo Max Malowan. O detalhe é que mesmo com outro companheiro, ela continuou usando o sobrenome do ex-esposo.

 

Leon Tolstoi, autor do clássico Guerra e Paz, uniu-se a uma mulher 16 anos mais jovem que ele, apenas uma semana após pedi-la em casamento. Na verdade, o russo Tolstoi a escolheu depois de cantar as outras duas irmãs da esposa. Dizem que das três, ele optou justamente pela mais sem graça da família. Se ela era a mais insossa, não importava. O importante era que o casamento do místico escritor russo resistiu a 50 anos de convívio, 13 filhos, muita desconfiança e paranoia, só vindo a terminar quando, num surto de religiosidade ele fugiu de casa.

 

 

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