Dizem que de perto, ninguém é normal. Todo mundo, desde o anônimo até o grande mito do cinema, do homem simples ao incontestável gênio da literatura, cultiva alguma mania. No texto a seguir, você saberá quais as excentricidades e esquisitices de personalidades do calibre de Gaudí. O genial arquiteto espanhol era tão desleixado com suas roupas que, muitas vezes, chegou a ser confundido com um mendigo.

 

Quando tinha algum compromisso à noite, o pintor brasileiro Cândido Portinari vestia suas melhores roupas logo pela manhã para não ter o trabalho de se arrumar depois. Era comum encontrá-lo de pincel na mão e compenetrado em seus quadros, elegantemente de smoking.

 

O escritor francês Victor Hugo – autor do clássico Os Miseráveis – costumava pedir ao criado que lhe escondesse as roupas; desse modo, não tendo o que vestir, podia ficar em casa para escrever.

 

Já Aluísio Azevedo tinha o hábito de desenhar e pintar sobre papelão os personagens principais de suas obras. Famoso por livros como O Cortiço e O Mulato, o escritor mantinha os desenhos sobre uma mesa enquanto escrevia.

 

A Comédia Humana, de Balzac, tem tantos personagens que o autor precisou fazer uma árvore genealógica. Desenhada nas paredes, a árvore ocupou três aposentos da casa.

 

Coisa que Fernando Pessoa não conseguia ver era um lápis sem ponta. Antes de escrever, ele costumava apontá-los. Consta que o grande poeta português também mantinha o hábito de só escrever em pé. Além disso, Fernando mantinha o gosto pela astrologia. Ele vivia fazendo mapas astrais para amigos, parentes e conhecidos – e até de personalidades históricas.

 

Alexandre Dumas, pai, era outro que tinha lá suas esquisitices na hora de escrever. Autor de clássicos como Os Três Mosqueteiros, Dumas usava papéis coloridos dependendo do conteúdo do texto.

 

Ernest Hemingway tinha mania de contar mentiras e espalhar boatos a respeito de sua própria figura. Numa dessas, espalhou que fora amante da espiã Mata Hari durante a Primeira Guerra Mundial. Noutra, disse que saltara de uma avião em pleno voo… sem para-quedas! Hemingway deixou como legados livros como O Sol Também se Levanta e O Velho e o Mar.

 

Nos meses mais quentes do ano, o compositor Bela Bartók tinha o hábito de compôr nu enquanto tomava sol deitado num tapete.

 

O poeta Carlos Drummond de Andrade imitava com perfeição a assinatura dos outros. Para poupar-se de mais trabalho, falsificava a assinatura do chefe da repartição pública em que trabalhava. Tinha também a mania de picotar papel e tecido. “Se não fizer isso, saio matando gente pela rua”, dizia.

 

Outro poeta brasileiro, Vinícius de Moraes, tinha mania de ler, escrever e fazer composições sentado numa banheira. Para não molhar os papéis, Vinícius colocava uma tábua sobre as bordas da banheira e sobre ela trabalhava por horas a fio. O lugar preferido de sua casa era justamente o banheiro. Nele, Vinícius trabalhou, produziu, teve ideias geniais e acabou morrendo.

 

Esquisita mesmo era a mania de Beethoven de despejar água gelada na cabeça. O nobre compositor dizia que não existia coisa melhor para estimular a imaginação do que água fria.

 

O brasileiro Monteiro Lobato gostava de tomar café com farinha de milho, rapadura e – o que ele considerava uma iguaria – içá torrado (o traseiro da popularíssima tanajura). Outra mania de Lobato era consertar quase tudo o que via pela frente.

 

Pedro Nava tinha o estranho hábito de parafusar os móveis de sua casa para que ninguém os tirasse do lugar.

 

Enquanto um tinha mania de “colar” os móveis, outro mantinha o hábito de levar objetos pessoais para onde quer que fosse. Com o músico Cole Porter era assim: quando viajava, incluía aparelhos de jantar, prataria, cristais e até quadros de pintores famosos como Renoir na bagagem. Era mala que não acabava mais!

 

A preocupação excessiva com doenças fazia com que o escritor de origem tcheca Franz Kafka – autor do clássico A Metamorfose – usasse roupas leves e só dormisse de janelas abertas – para que o ar circulasse –, mesmo no rigoroso inverno de Praga.

 

Lasar Segall doava telas para os amigos, mas fazia questão de conferir o fim que eles davam às obras. O pintor opinava sobre o local onde havia sido pendurada, sobre a luz, a decoração da casa e, se porventura não lhe agradasse, acabava tomando a tela de volta.

 

Nada apavorava mais o escritor Hans Christian Andersen do que a hipótese de ser sepultado vivo. O medo era tamanho que, quando estava gravemente doente, Hans costumava deixar um bilhete na cabeceira da cama avisando que estava “apenas parecendo morto”. Para garantir que não seria enterrado vivo, Hans chegou ao cúmulo de pedir às pessoas mais próximas que lhe cortassem uma artéria antes de sepultá-lo.

 

A pintora brasileira Tarsila do Amaral adorava corrigir os erros de português dos outros. Culta e de vocabulário extenso, Tarsila se divertia com os deslizes gramaticais alheios. Outra mania da pintora era colecionar receitas. Circulava com um caderninho de anotações para copiar os ingredientes dos pratos de que gostava. Mas quem pensou que ela era uma mestre-cuca está enganado. Tarsila era uma verdadeira negação na cozinha. Só para não ter que preparar o ovo, ela engolia a gema crua.

 

Assim como Tarsila, o escritor Guimarães Rosa manteve uma cadernetinha no bolso durante um bom tempo. Consta que, na época em que exercia a profissão de médico, ainda na juventude, Rosa costumava anotar frases, expressões e ditos populares, material que mais tarde serviria como matéria-prima para seus livros.

 

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