Com mais de 20 milhões de habitantes, a região metropolitana de São Paulo recebe água de diversos sistemas de represas. O principal é o Cantareira, cujo volume baixou drasticamente, provocando uma crise de abastecimento em 2014. A situação ameaçou se repetir em 2018 e pode se agravar nos anos 2020 se não houver chuvas suficientes. Percorra as linhas as seguir e venha algumas curiosidades e informações importantes sobre a crise de 2014.

 

A principal fonte de captação de água da cidade de São Paulo é o Sistema Cantareira. Os demais sistemas são: Alto-Tietê, o Rio Claro, o Rio Grande, o Alto-Cotia, o Baixo-Cotia, o Guarapiranga e o Ribeirão Estiva.

 

As represas do Sistema Cantareira, um dos mais afetados pela estiagem de 2014, são: Paiva Castro, Águas Claras, Cachoeira, Atibainha, Jaguari e Jacareí.

 

As regiões abastecidas pelo Cantareira são a Zona Central, a Zona Norte e partes das Zonas Oeste e Leste. Também recebem águas desse Sistema os municípios de Caieiras, Franco da Rocha, Francisco Morato, Osasco, Carapicuíba e São Caetano do Sul, além de partes de Santo André, Guarulhos, Taboão da Serra e Barueri.

 

No total, o Sistema Cantareira abastece 8 milhões de moradores da Grande São Paulo. Os bairros mais populosos por ele atendidos são, pela ordem: Sacomã, Jaraguá, Tremembé, Pirituba, Cachoeirinha, Freguesia do Ó, Vila Mariana e Santana.

 

As cidades mais prejudicadas com as crises hídricas de 2014 e 2018 no Cantareira são, também pela ordem: São Paulo, Guarulhos, Osasco, Carapicuíba e São Caetano do Sul (com o detalhe de que as três últimas são totalmente abastecidas por esse sistema).

 

O Sistema Alto-Tietê é formado pelos rios Tietê, Claro, Biritiba, Paraitinga e Jundiaí, além de outros.

 

Cerca de 3 milhões de pessoas são abastecidas pelo Alto-Tietê, principalmente na Zona Leste paulistana. Ele também é responsável pela água das torneiras de parte de Guarulhos, parte de Santo André, parte de Mauá e das cidades de Itaquaquecetuba, Poá, Arujá, Suzano, Ferraz de Vasconcelos e Mogi das Cruzes.

 

Localizado na Zona Sul de São Paulo, o Sistema Guarapiranga recebe águas de rios como o Capivari, Embu-Guaçu e Santa Rita. Suas águas também são abastecidas por um braço da represa Billings, localizada no ABC Paulista.

 

No total, 3,7 milhões de pessoas recebem água do Sistema Guarapiranga. São em sua esmagadora maioria moradores das zonas Sul e Oeste. Vivem em regiões como Cidade Ademar, Santo Amaro, Grajaú, Pinheiros e Morumbi.

 

Além de fornecer água para o Sistema Guarapiranga, a represa Billing abastece as cidades de São Bernardo do Campo e Diadema. Ela integra o Sistema Rio Grande.

 

Para um vasto número de estudiosos, o problema da água está relacionado a uma espécie de pane na Zona de Convergência do Atlântico Sul (chamada por eles de ZCAS). A umidade da Amazônia, que costumeiramente circula em São Paulo no início do verão, não está passando pelo estado. No início de 2014, ela provocou enchentes no Espírito Santos. Em 2015, levou chuva apenas para o Tocantins e o sul da Bahia. Mas o que estaria provocando essa pane? Não há um consenso, mas a hipótese da mudança climática é cada vez mais aceita no meio científico.

 

A região Sudeste – principalmente os estados de São Paulo e Rio de Janeiro, além de partes de Minas Gerais – enfrentou ao longo do ano de 2014 uma estiagem numa antes vistas. Diversas nascentes secaram, inclusive a do rio São Francisco. Em São Paulo, rios como o Tietê e o Paraíba do sul registraram uma preocupante diminuição em seus níveis.

 

Segundo a Nasa, a agência espacial norte-americana, 2014 foi o ano mais quente da história. A temperatura chegou a ficar 2º Celsius acima da média em algumas regiões do planeta. O fato é que lugares como o leste da Rússia, a Austrália, a Argentina e os Estados Unidos registraram um expressivo aumento da temperatura. A situação tornou-se mais grave no estado norte-americano da Califórnia, principalmente na cidade de Los Angeles. Com os reservatórios em baixa, a população enfrentou uma escassez de água maior do que a registrada em São Paulo.

 

Com 4,8 milhões de habitantes em 1960, a capital paulista passou a ter 11,8 milhões em 2013. Na região metropolitana – que inclui municípios superpopulosos como Guarulhos e São Bernardo do Campo – contam-se 20 milhões de pessoas. São Paulo é a quinta maior região metropolitana do mundo, e a segunda maior do continente americano. Possui o dobro da população de países como Paraguai e Portugal. Para muitos especialistas, o abastecimento de água simplesmente não conseguiu acompanhar a demanda.

 

Segundo a Sabesp, 25% da água se perde no caminho entre as represas e as residência por elas abastecidas. O problema é que grande parte é causado por rompimentos de canos em acidentes e pelo encanamento velho em alguns trechos. Isso só tende a agravar o problema.

 

Outro fator que pode ter contribuído para a falta de água na região metropolitana da capital é a falta de investimentos na captação. Tão logo receberam a concessão do Sistema Cantareira, o governo do estado de São Paulo e a Sabesp foram informados de que eram necessários investimentos em novas fontes de captação. Tais investimentos, no entanto, não foram feitos. A redução do volume de água do Cantareira também foi informado ao governo estadual com anos de antecedência, sem que nenhuma providência nesse sentido fosse tomada.

 

Quanta água São Paulo precisa armazenar para evitar o colapso nos anos 2020? Não dá para saber com exatidão. Depende de uma série de fatores: a volta das chuvas, medidas com vistas a diminuir o consumo etc.

 

É possível que São Paulo fique totalmente sem água? A resposta é não. O abastecimento dependerá da vazão dos rios que alimentam o Sistema Cantareira. Se houver água nesses rios – além de chuvas próximas da média, vale lembrar –, é bem provável que ela continue jorrando nas torneiras. Mas a cidade precisa fazer uma economia radical. Sem racionamento, a situação pode se tornar insustentável.

 

A crise de 2014 foi tão grave que sistemas como o Cantareira podem levar até mais 6 anos para recuperar a água perdida com a seca. Será necessário um volume de chuvas três vezes maior do que o normal, além de um longo período de economia de água por parte da população.

 

A multa criada pelo governo paulista atingiu todos que gastaram mais água do que a média de consumo entre os anos de 2013 e 2014. A conta ficou 20% mais cara, e para isso bastou gastar 0,1 metro cúbico acima da média. Quem consumiu 20% a mais, recebeu uma conta com um aumento ainda mais salgado: 50%.

 

Fontes: Wikipédia, Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Carta Capital, Blog do Planeta, Idec – Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor.

 

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