A Vera Cruz foi uma das mais importantes produtoras de cinema da história do Brasil. Era responsável por sucessos como O Cangaceiro, Caiçara e Floradas na Serra, entre outros filmes. Conheça alguns detalhes e curiosidades sobre a sua trajetória.

 

A Companhia Cinematográfica Vera Cruz surgiu com uma proposta cinematográfica oposta à da Atlântida, que fazia chanchadas de apelo popular, e da Cinédia, que produzia musicais. A ideia era produzir filmes com uma estética vanguardista, parecida com a do cinema europeu da época.

 

A Atlântida Cinematográfica foi uma companhia do ramo de entretenimento fundada em 1941, no Rio de Janeiro. Fez sucesso com filmes de baixo custo e apelo popular até hoje chamados de chanchadas (estilo que juntavam musical com humorístico). Entre os seus maiores astros, vale lembrar de Oscarito, Grande Otelo, Wilson Grey, Colé, Virgínia Lane, Zezé Macedo, Ankito e Cyll Farney, entre outros.

 

Conhecida por fazer musicais e comédias, a Cinédia surgiu em 1930, na cidade do Rio de Janeiro. Produziu filmes como O Ébrio, de 1946, com o astro Vicente Celestino. Lançou atores como Oscarito, Grande Otelo e Dercy Gonçalves.

 

Os estúdios da Vera Cruz foram erguidos num terreno doado pelo industrial e mecenas Francisco Matarazzo Sobrinho – também conhecido como Ciccilio Matarazzo – na até então afastada cidade de São Bernardo do Campo.

 

Franco Zampari, o principal idealizador da Companhia Cinematográfica Vera Cruz, foi também o fundado do TBC – Teatro Brasileiro de Comédia. Nascido na cidade italiana de Nápoles, Zampari tornou-se conhecido como um dos maiores mecenas das artes dos anos 1940 e 1950.

 

Para entrar no mercado, a Vera Cruz contratou diretores, figurinistas, maquiadores, cenógrafos e outros profissionais dos Estados Unidos, América Latina e Europa. Caiçara, Ângela e Terra é Sempre Terra, os três primeiros longas da empresa, por exemplo, contaram com a participação do argentino Tom Payne na co-direção ou direção.

 

A Vera Cruz não economizou nem na estrutura, nem na produção. Enquanto um filme da Cinédia custava em torno de 800 mil cruzeiros, um da Vera Cruz chegava a quase 8 milhões.

 

Os dois primeiros filmes da Vera Cruz foram os documentários Painel (1950) e Santuário (1950), ambos dirigidos por Lima Barreto. Mais tarde, o próprio Lima Barreto seria premiado no Festival de Cannes por outra produção da companhia: O Cangaceiro.

 

O primeiro longa metragem foi o drama Caiçara, de 1950. Dirigido pelo italiano Adolfo Celi, tinha Eliane Lage, Mario Sérgio, Célia Biar, Cacilda Becker, Renato Consorte e Walter Avancini no elenco.

 

Um dos mais famosos astros da empresa foi o comediante paulista Amácio Mazzaropi, conhecido apenas como Mazzaropi. Lançado em 1952 pela própria Vera Cruz, o primeiro filme da carreira de Mazzaropi foi Sai da Frente.

 

O filme mais conhecido da Vera Cruz foi O Cangaceiro. Com direção de Lima Barreto, ele foi lançado em 1953. O Cangaceiro ganhou os prêmios de melhor filme de aventura e melhor trilha sonora do Festival Internacional de Cannes, na França. A premiação valeu-lhe fama mundial. Com o sucesso, ele foi lançado em 80 países. Uma curiosidade interessante: O Cangaceiro contou com a participação de Adoniran Barbosa no elenco e o grupo musical Demônios da Garoa na trilha sonora.

 

Lançado em 1951, Terra é Sempre Terra é o segundo filme mais premiado da Companhia Vera Cruz. Com Marisa Prado, Mário Sérgio e Ruth de Souza no elenco, ele foi escolhido pelo menos duas vezes como melhor filme.

 

O último filme da Vera Cruz foi São Paulo em Festa, um documentário dirigido por Lima Barreto, em 1954. Ele retrata as comemorações pelo quarto centenário da cidade de São Paulo.

 

Endividada até o pescoço, a Vera Cruz teve que entregar até seus bens como garantia. Franco Zampari foi obrigado a se afastar da empresa. Como principal credor, o Banespa (Banco do Estado de São Paulo, recentemente vendido para o espanhol Santander) nomeou Abílio Pereira de Almeida para gerenciar a companhia, dessa vez com o nome de Brasil Filmes. A Brasil Filmes lançou mais sete filmes usando as estruturas da Vera Cruz.

 

Outro fator que contribuiu para o fim da empresa foi a concentração da distribuição. Eram os distribuidores que geralmente ficavam com a maior parte (60%) da arrecadação.

 

Abandonados durante anos, os estúdios da Vera Cruz foram alugados em várias ocasiões para a produção de diversos filmes e comerciais de TV. Transformaram-se em pavilhão de exposições e por pouco em museus. A prefeitura de São Bernardo do Campo vem atuando para transformá-los em centro cultural e alugá-los para o cinema e a TV.

 

Além de Mazzaropi, os estúdios da Vera Cruz contou com os seguintes atores em seu cast: Renato Consorte, Eliane Lage, John Herbert, Vicente Leporace, Tônia Carrero, Paulo Autran, Ziembinsky, Alberto Ruschel, Marisa Prado, Anselmo Duarte, Célia Biar, Eva Wilma e Adoniran Barbosa, entre outros. O ator com maior número de participações em filmes da Vera Cruz foi Renato Consorte.

 

Alguns filmes da Vera Cruz: Caiçara, Sinhá Moça, Passionata, Ângela, Terra é Sempre Terra, Na Senda do Crime, Floradas na Serra, O Cangaceiro, Tico-Tico no Fubá e Uma Pulga na Balança.

 

Fontes: Wikipédia, Nosso Século, Guia do Estudante.

 

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